quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Aterosclerose

Conceito: lesão da camada íntima (massa com centro pouco consistente, amarelado e grumoso, cheio de lipídios, coberto por uma cápsula fibrosa, firme e brancacenta) com protrusão para o interior do lúmen vascular.

Etiologia: idade (40-60 anos), gênero (masculino), genética (genes associados ao metabolismo); hiperlipidemia (hipercolesterolemia - LDL), hipertensão (aumenta o risco CI em 60%), tabagismo (aumenta o risco CI em 200%), diabetes melito (induz hipercolesterolemia e aumento da PA), inflamação e proteína C reativa (a inflamação está presente em todos os estágios; a proteína C reativa é um importante marcador de risco), hiper-homocisteinemia (relacionado à baixa ingestão de folato e vit. B), lipoproteína a (forma alterada de LDL), fatores que afetam a hemostasia (inibidores da COX-2) e outros fatores (sedentarismo, estresses e obesidade). Infecção por Chamydia pneumoniae. Os fatores de risco múltiplo têm um efeito multiplicativo.

Patogênese: resposta inflamatória crônica da parede arterial à lesão endotelial, com espessamento da íntima. A progressão da lesão ocorre através de interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos derivados de monócitos, linfócitos T e constituintes celulares normais da parede arterial. Células endoteliais intactas, mas disfuncionais, apresentam permeabilidade endotelial aumentada, adesão leucocitária aumentada e expressão gênica alterada. A localização das lesões ateroscleróticas não é aleatória, mas está relacionada a regiões com turbulências hemodinâmicas (forames dos vasos, pontos de ramificação e parede posterior da aorta abdominal). A hiperlipidemia crônica impede a função das células endoteliais pelo aumento da produção local de espécies reativas de oxigênio, com queda dos níveis de óxido nítrico, e assim levando promovendo a vasoconstricção. As lipoproteínas acumuladas na íntima são fagocitados por macrófagos gerando as células espumosas, além de quando oxidados são citotóxicos para células endoteliais e células musculares lisas e podem induzir à disfunção das células endoteliais. Os monócitos se transformam em macrófagos e avidamente englobam as lipoproteínas, incluindo o LDL oxidado. Os macrófagos ativados produzem citocinas que aumentam a adesão leucocitária e quimiocinas que provocam recrutamento de células inflamatórias mononucleares. Os linfócitos T recrutados para a íntima interagem com os macrófagos, gerando um estado inflamatório crônico através da elaboração de citocinas inflamatórias (INF-γ) que estimulam macrófagos, bem como células endoteliais e macrófagos. A proliferação de células musculares lisas da íntima e o depósito de MEC, transformam uma estria gordurosa em um ateroma maduro, que podem se calcificar com o tempo. As células inflamatórias podem causar apoptose nas células musculares lisas além de aumentar o catabolismo de MEC, resultando em placas instáveis. O rompimento da capa fibrosa com trombose sobreposta, frequentemente está associado a eventos clínicos importantes.

Alterações morfológicas macroscópicas: estrias gordurosas (pontos múltiplos, minúsculos e amarelados que coalescem formando estrias); placas ateroscleróticas (placas fibrosas ou fibrogordurosas, sobressalentes são brancacentas ou amareladas, variando de 0,3-1,5cm, e com disposição excêntrica) ocorrem principalmente na aorta abdominal inferior, coronárias, artérias poplíteas, carótidas internas e vasos do polígono de Willis.

Alterações morfológicas microscópicas: As placas ateroscleróticas têm três componentes principais – células (células musculares lisas, macrófagos e linfócitos T), MEC (colágeno, fibras elásticas e proteoglicanos) e lipídios intra e extracelulares. As placas ateroscleróticas apresentam uma capa fibrosa superficial, ombro e centro necrótico. Na periferia das lesões existe neovascularização. Frequentemente sofrem calcificação.

Alterações funcionais: as placas ateroscleróticas podem sofrer ruptura, ulceração ou erosão, hemorragia, ateroembolismo e/ou formação de aneurisma.

DEGENERAÇÃO – presente e dominante; NECROSE/APOPTOSE – presente como fator primário; PIGMENTAÇÃO – ausente; CALCIFICAÇÃO – presente como fator primário; INFLAMAÇÃO – Fator dominante; DISTÚRBIO HEMODINÂMICO – presente como forte fator primário; REPARO – presente como fator primário; DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO – presente como fator primário; NEOPLASIA – ausente.


Posted by: Pedro Antonione

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